
Há dez anos, quando os terroristas sequestraram aviões e os jogaram sobre as torres gêmeas do World Trade Center em Nova York, muitos acreditaram que esses atentados mudariam tudo no planeta. Mudaram muita coisa, notadamente as viagens internacionais - e as viagens domésticas nos EUA. A formidável máquina de comunicação e de marketing dos EUA não deixa a data cair no esquecimento, principalmente neste ano em que se comemora, domingo, o 10º aniversário dos lamentáveis atentados.
O poder dessa máquina é tão grande, que leva a quase totalidade dos meios de comunicação a dedicar espaços ao aniversário e aos próprios atentados. Não se pode, entretanto, esquecer que antes do “nine eleven” e principalmente depois dele, os EUA se envolveram em guerras de resultados muito duvidosos ou desastrosos, que ainda custam ao seu povo (e ao mundo) trilhões de dólares e centenas de milhares de vidas civis inocentes, não menos importantes do que a dos norte-americanos e das que foram tiradas nas torres do WTC de Nova York - vidas de cidadãos de países que não têm máquinas poderosas de comunicação para lembrar anualmente ao mundo esses (também) lamentáveis eventos.
O 9/11 é hoje uma lição que a raça humana em geral e os norte-americanos em particular precisam analisar como um fator de transformação. Em setembro de 2001, um relatório do Congressional Research Service dos EUA concluiu que o “9/11 é mais apropriadamente visto como uma tragédia humana, do que como uma calamidade econômica”. Hoje, já não se tem certeza disso. Aliás, nenhuma. Grandes eventos transformaram o mundo, como a bomba atômica, a corrida espacial, o assassinato do Kennedy, a queda do Muro de Berlim, as guerras e os desastres naturais. A maioria gerou ou provocou tragédias. E nem toda a culpa deve ser atribuída à Al-Quaida, que se de um lado obteve sucesso em alguns de seus atos, não tem poder para mudar nem mudará tudo no mundo. Não se pode dar, como ocorre, tanta importância a quem não a tem - sem se descuidar de monitorar com inteligência.
Em 2001, a indústria norte-americana de aviação comemorava o sexto ano consecutivo de lucratividade e de seus melhores resultados desde a década de 60. Depois do 9/11 perderam dinheiro - cerca de US$ 30 bilhões - em sete dos dez anos seguintes, e em grande parte os fatores que levaram a esse resultado foram decorrentes dos atentados (exceto as epidemias e os acidentes naturais). O mesmo aconteceu com a indústria aérea global e com a de viagens em geral. O fato é que desde o “nine eleven”, a indústria aérea mudou, os processos de consumo desse meio de transporte mudaram muito, sempre para pior, interferindo na liberdade e prazer de viajar sem estresses de segurança.
Assim, além de lamentar os atentados em si, o 11 de setembro deveria marcar tanto o aniversário da ação terrorista, quanto a da grande transformação que trouxe para o mundo. E fazer as pessoas, as culpadas por todas essas catástrofes, pensar sobre os erros que não podem mais repetir. Isso vale para todos, tenham eles ou não máquinas poderosas. Enquanto isso, entre as transformações, uma infelizmente não pode ser contestada: as viagens da forma como eram realizadas até dez anos atrás mudaram e nunca mais serão as mesmas.
Fonte:Business Travel.
Nenhum comentário:
Postar um comentário